O Ministério Público de Araraquara (SP) deve iniciar na próxima semana uma investigação para acompanhar a situação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da cidade após a polêmica envolvendo a prática de eutanásia no local, denunciada por uma moradora depois que o cachorro dela, o cão Gabriel, foi sacrificado no local. A veterinária responsável pelo Centro confirmou nesta quinta-feira (22) que, além de Gabriel, outros 20 animais em média são sacrificados todos os meses. Ela foi afastada do cargo pela Secretaria de Saúde. 3o4c1m
A morte de Gabriel faz parte de uma série de denúncias que foram protocoladas na promotoria pública da cidade nesta quinta-feira (22). Segundo o MP, a representação deverá chegar às mãos do promotor responsável pelo caso no início da semana.
A representação, de autoria do vereador Carlos Nascimento (PT), inclui vídeos produzidos durante visita ao local nesta quarta-feira (21). Nas imagens divulgadas pelo vereador na internet, ele exibe o que supostamente seria um freezer usado para armazenar animais mortos.
“Encontramos partes de animais conservadas dentro de um freezer, e segundo a equipe da Zoonoses, as mortes são justificadas, mas o caso do cão Gabriel é uma demonstração de que as coisas não são assim”, afirma Nascimento, que é presidente da Comissão Permanente da Ordem Social e Meio Ambiente da Câmara Municipal. Segundo ele, baseado na denúncia dos donos do cão Gabriel, o cachorro era saudável.
Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, antes de ser afastada do cargo, a veterinária responsável pelo Centro, Anabel Jacqueline Martins da Silva, afirmou que no local são feitos cerca de 20 procedimentos de eutanásia em cães por mês e os animais são mantidos congelados antes de serem enviados ao aterro de Guatapará (SP).
“Todo animal que a por eutanásia, ou que morre, ou que já chega morto por denúncia de atropelamento a por análise para controle de raiva e a carcaça tem que ir embora”, explicou a veterinária, justificando o armazenamento dos animais. “Naquele freezer tem morcego também porque fazemos controle e mandamos para São Paulo uma vez por mês e é tudo documentado”.
Segundo consta na lei estadual 12.916, de 2008, o artigo 2º veda “a eliminação da vida de cães e de gatos pelos órgãos de controle de zoonoses, canis públicos e estabelecimentos oficiais congêneres, exceção feita à eutanásia, permitida nos casos de males, doenças graves ou enfermidades infecto-contagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde de pessoas ou de outros animais”.
A dona de Gabriel, Maria do Carmo Silva Nogueira, afirma que o cachorro estava em perfeitas condições de saúde no dia em que desapareceu, mas que a informação ada pela veterinária era diferente. “Disseram que ele estava muito doente e com sarna. Mas é mentira e mesmo que estivesse, essa doença tem tratamento. O Gabriel estava completamente saudável quando escapou”, lamentou.
Questionada sobre a gravidade da doença ou a piora no estado de saúde do animal desde o dia 8 até o dia quando foi sacrificado, a veterinária alega não ser esse o motivo da morte. “A questão é que não tinha mais condições de mantê-lo no CCZ”. Entretanto, a veterinária afirma não ter realizado nenhum exame laboratorial no animal para constatar a gravidade da doença, se baseando apenas em impressões físicas.
“Meu objetivo com a representação é fazer com que as leis que já existem sejam cumpridas”, afirma o vereador Nascimento. Além disso, ele levanta outros problemas no local, como a permanência de cães sadios e doentes no mesmo ambiente. “Isso prejudica o controle das transmissões e é preciso ser revisto”, afirma. (Fonte: Felipe Turioni/ G1)